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Você tem um veículo financiado? Tudo o que precisa saber sobre renegociação de dívidas

Já ouviu falar em renegociação de dívidas? Por mais que façamos um planejamento financeiro para contrair empréstimos ou financiar um bem, nem sempre ele ocorre da forma que imaginamos. Um atraso no pagamento, a perda do emprego ou outro motivo que gere uma despesa extra pode causar um desequilíbrio nas economias e acabar por gerar pendências.

Quando isso acontece, é importante entender como fazer uma adequada renegociação de dívidas, especialmente quando você precisa ajustar as contas de um veículo financiado.

Para ajudar você nessa tarefa, reunimos neste post uma lista de alternativas e dicas que permitem que você consiga levar esse processo adiante com seus credores (financiadora, banco ou pessoa com quem adquiriu o bem). Quer saber quais são? Continue lendo e descubra!

Quando é possível fazer uma renegociação de dívidas de veículos?

Primeiramente, para você fazer uma renegociação de dívidas de um financiamento de veículo é importante verificar em que condições isso pode ser feito e se há restrições de financiadoras ou bancos. Isso porque, devido à crise econômica nacional e a seus efeitos, algumas organizações podem ter imposto limitações a esse processo, até mesmo o banindo.

Portanto, pesquise antes se a empresa com a qual financiou seu carro possibilita isso e por quais canais — adiante falaremos mais sobre esse assunto. Após essa etapa, tente agir o mais rápido possível entrando em contato com a financiadora. Se possível, é indicado fazer isso no momento em que perceber que não conseguirá mais arcar com os valores das prestações do automóvel, pois dá mais tempo de conseguir resolver essa situação.

Quanto mais você demorar, mais dará margem para que o seu carro vá a leilão. Caso isso ocorra, você poderá perder todo o valor investido nele até o momento. Portanto, busque a conversa e vá até a instituição negociar com o gerente. Explique sua situação e demonstre interesse para chegar a um acordo em que seja possível pagar um valor menor.

Devido à crise nacional, o percentual de brasileiros inadimplentes tem se elevado, o que força os bancos e financiadoras a serem mais flexíveis para receberem. No caso dos financiamentos, em 2016, o número ficou em 4,6%, alta de 0,7 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Os dados são da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (ANEF).

Devido a esse fator, é importante buscar o diálogo, mesmo se você já estiver inadimplente de algum modo. Demonstre a intenção de quitar a dívida, mas explique que só pode pagar um valor menor.

Seja razoável para conseguir uma renegociação de dívidas e se atente aos juros

Você precisa mostrar interesse em resolver essa situação de forma positiva, mas também precisa ser razoável, fazendo propostas que não tragam tantas perdas para a financiadora e estejam amparadas pelo seu histórico de pagamentos.

Por exemplo, se você fez um financiamento com juros baixos ao mês e já atrasar ali pela quarta ou quinta parcela, dificilmente conseguirá um acordo com a entidade em relação à redução dos juros. A solução é tentar renegociar tarifas extras, como as de seguros e outros serviços adicionais para, desse modo, reduzir o montante pago mensalmente que tem relação com o veículo.

Em situações de financiamento de carros, os juros normalmente podem ser renegociados somente quando a inadimplência passa de três meses. Depois desse período, os bancos/financiadoras podem começar a cobrar juros de mora, o que aumenta a taxa de juros prevista no acordo inicial, ou seja, no contrato.

Se você tiver contraído a dívida no cartão de crédito, o caso muda, pois os juros cobrados nessa modalidade podem ultrapassar, em média, os 10% ao mês, o que pode ser considerado abusivo.

Desse modo, assim que verificar que não terá como quitar a fatura do cartão, é importante solicitar na hora a suspensão da cobrança de juros futuros, procedendo com a renegociação da dívida o mais rápido possível. Quanto mais tempo você ficar sem agir, mais a dívida crescerá, o que muitas vezes se dá de forma rápida, tornando-a quase impagável para suas condições financeiras.

Tenha cuidado com reincidências

Após renegociar suas parcelas, é importante ter cuidado para não voltar a se tornar inadimplente e perder o controle das finanças, pois uma nova renegociação poderá ser ainda mais difícil do que a primeira.

A tendência é que a instituição financeira seja mais inflexível, optando por não diminuir a taxa de juros ou mesmo do valor da dívida. Também poderá barrar uma solicitação de alongamento do número de parcelas e do prazo de pagamento.

Como possuem cadastros de inadimplentes e análises de históricos, dificilmente você conseguirá um novo acordo, ainda mais se atrasar parcelas em seguida após ter feito a primeira renegociação.

Possibilidades de negociação de dívidas

A renegociação de dívidas provenientes de um financiamento de veículo pode ser feita de várias maneiras e conforme as que mais se ajustam às suas necessidades. Para isso, basta se informar e procurar entender cada uma das opções disponíveis, procurando identificar a que é melhor para você. A seguir, separamos algumas das principais, porém, saiba que é possível tentar mais de uma delas para tentar obter uma condição melhor. Veja mais detalhes:

Refinanciamento

refinanciamento de veículo é uma das principais opções para você fazer na renegociação de dívidas, contudo, de nada adianta buscar a instituição e aceitar um acordo com o qual não conseguirá arcar. Para evitar isso, coloque no papel sua renda líquida mensal, já com o desconto de benefícios e impostos, e subtraia as despesas com itens essenciais, como habitação, saúde e alimentação.

Depois disso, elimine gastos supérfluos e o que restar deverá ser usado na proposta para pagamento mensal da dívida junto à financiadora ou banco. Vale destacar que dá para incluir ganhos extras que serão obtidos futuramente (recebimentos, 13° salário etc.) para serem usados no abatimento das parcelas. Eles também ajudam você a ganhar descontos e amortização do financiamento.

Vale destacar que você pode refinanciar o veículo para conseguir dinheiro, entregando-o como garantia de empréstimo. Com o dinheiro obtido, é possível quitar o seu financiamento. De certa forma, você troca uma dívida pela outra, mas pode obter condições mais favoráveis. Basicamente, você contrataria um empréstimo com garantia de veículo alienado. Nesse sistema, a instituição refinancia o automóvel mesmo antes de sua quitação.

Esse tipo de operação também é conhecido como “troco sem troca”, em que o financiamento anterior deverá ser pago integralmente para que seja novamente contratado. Dessa forma, ao contrário de um empréstimo com garantia de automóvel quitado, o valor do crédito será a diferença entre o valor de quitação do financiamento antigo e o do novo financiamento.

Geralmente, as taxas de juros — independentemente de o carro estar alienado ou quitado —estão entre as menores do mercado. Por isso, essa opção de empréstimo pode ser uma boa opção em diversas situações. Há ainda a transferência do gravame de um mesmo contrato, que consiste na troca do veículo financiado por outro de valor reduzido.

Análise contratual

Você pode também renegociar sua dívida solicitando uma ação revisional de contrato. Nesse caso, se procede com a análise contratual do acordo de financiamento para checar e validar cláusulas, visando a identificar práticas abusivas. Assim, é possível reduzir ou eliminar um débito, o que a torna uma opção interessante. Mas se optar por uma análise contratual, é importante ficar atento em dois detalhes: o valor das taxas de juros e possíveis irregularidades no contrato.

Possivelmente, você adquiriu o veículo com taxas de juros abaixo das praticadas pelo mercado no cenário atual, em que a inflação tende a elevar o valor de bens e serviços. Portanto, tenha cuidado para não dobrar seu saldo devedor quando for realizar um novo financiamento por conta dos juros atualizados.

Vale destacar que, normalmente, a renegociação de dívidas com base na análise contratual é interessante para quem já quitou uma boa parte do valor do veículo, tendo menos de R$ 10 mil para pagar.

Também é preciso ficar de olho em irregularidades no contrato de financiamento antes de renegociar a dívida, especialmente com pontos que provocam prejuízos consideráveis ou cobram taxas adicionais ilícitas. Cuidado com juros abusivos e vendas casadas, quando tentarem empurrar ou condicionar a renegociação à aquisição de outros serviços financeiros.

Caso encontre alguma irregularidade, é importante denunciá-la aos órgãos de proteção ao consumidor e ao Banco Central do Brasil (BACEN). Você também poderá usar isso como argumento enquanto tenta um acordo com o banco ou financiadora, pois isso poderá melhorar as condições para a quitação do débito.

Por fim, lembre-se de revisar o cálculo do saldo devedor e o Custo Efetivo Total (CET) da transação para não ter surpresas com o montante a pagar.

Portabilidade de dívida

Você pode fazer a renegociação de dívidas do financiamento simplesmente trocando de banco ou financiadora, o que é conhecido como portabilidade de crédito. Essa ação possibilita a obtenção de juros mais baixos e condições mais vantajosas de pagamento do que as fornecidas pelo financiamento atual.

Quando você pesquisa as taxas de juros, os prazos e diferentes benefícios ofertados por outras instituições, você consegue argumentos para pressionar o seu banco/financiadora atual a oferecer condições parecidas. Se a entidade não concordar ou o acordo não progredir, o melhor é levar suas dívidas para outra instituição.

Aliás, vale mencionar que esse processo tem sido facilitado, já que há bancos que não exigem a abertura de conta corrente para esse tipo de operação. Portanto, você pode tentar usar isso a seu favor, migrando sua conta também caso consiga condições mais benéficas.

Devido ao cenário de desaceleração da economia, com maior desemprego e inflação, e à entrada de empresas tecnológicas na área, como as fintechs, a disputa no setor bancário e no de financiamentos se acirrou nos últimos anos. Graças a isso, existem maiores chances de você conseguir forçar uma negociação de juros mais baixos, afinal, eles são alguns dos principais responsáveis por um endividamento excessivo.

Por fim, lembre-se de avaliar se vale a pena renegociar o contrato de financiamento com a sua financiadora/banco ou se é melhor trocar por uma instituição que ofereça menos juros, melhores condições e até mesmo um atendimento otimizado.

Transferência de dívida

Outra forma de você se livrar da sua dívida por causa de um financiamento é transferindo ela para outra pessoa, que assumirá as parcelas que ainda restam no acordo. Contudo, vale destacar que essa operação de transferência não depende somente de você. Afinal, para que seja aprovada, é necessário que a financiadora ou banco realize uma análise de crédito de quem quer comprar o seu veículo. Além disso, mesmo aprovada ou não, ela possivelmente será cobrada.

Portanto, essa opção pode ser mais demorada, havendo alta probabilidade de não ser autorizada pela instituição. Isso porque a aprovação resulta de uma análise de vários fatores, como situação cadastral em órgãos de proteção ao crédito (SPC e SCPC, Serasa etc.), comprovação de renda, pendências junto à instituição, entre outros.

Também é preciso tomar cuidado nesse tipo de operação, fazendo um contrato regularizado e não deixando o financiamento em seu nome. Não aceite o chamado “contrato de gaveta” e tampouco feche acordos sem uma base legal, que o ampare caso o comprador deixe de pagar o acordado. Isso evita que você fique com o nome sujo, além outras dores de cabeça futuras.

Vender o veículo para uma concessionária e pegar outro de menor valor

Se você quer trocar o carro financiado, deve ter cuidado ao verificar se o montante da dívida não se encontra acima do valor do próprio automóvel no mercado. Isso ocorre quando o financiamento é recente e ainda não se pagou o suficiente de parcelas para que o seu preço final seja menor do que o valor de venda atual.

Por exemplo, se você adquiriu um automóvel por R$ 50 mil e está pagando ele há poucos meses, possivelmente o valor do financiamento é maior do que o do veículo devido aos juros embutidos a longo prazo no contrato. Portanto, você precisa ficar atento a esse ponto, especialmente se não possui condições de arcar com o valor pendente do financiamento.

Isso é importante caso deseje vendê-lo a uma concessionária, que assumirá a dívida e a quitará junto ao banco ou financiadora. Isso porque você poderá perder dinheiro se proceder com o negócio antes de ter quitado uma boa parte da dívida.

Se já tiver pago uma parcela considerável do veículo, você poderá vendê-lo à concessionária pelo seu preço de automóvel usado atual, podendo ainda obter uma quantia considerável para adquirir outro carro de menor valor. Se você avaliar bem as alternativas de negócio e os benefícios de cada uma delas, trocar o seu veículo financiado pode ser menos complicado do que aparenta.

Cuidados na renegociação de dívidas

Acima, mencionamos as opções para você fazer uma renegociação de dívidas ou se livrar delas, destacando alguns cuidados necessários, como a observação em relação a irregularidades contratuais. Contudo, existem outros pontos que precisam de atenção para você não fechar um mau negócio. Veja quais são eles:

Espere um pouco antes de aceitar a proposta da financiadora/banco

Antes de fechar negócio e aceitar a proposta oferecida pela instituição financeira, solicite um tempo para refletir e pensar mais sobre as condições do contrato. Normalmente, a primeira proposta feita pela organização vem com altos valores e somente prolonga o pagamento da dívida, distribuindo o débito em um número maior de parcelas.

Tal procedimento gera a impressão de que a prestação não pesará tanto no orçamento, contudo, é essencial avaliar se existe, de fato, uma vantagem nessa opção para você. Isso porque, quanto mais parcelas, mais juros você terá de pagar, mesmo que a taxa cobrada seja considerada baixa.

É preciso checar se o prazo proposto pela financiadora para a quitação da dívida não é extenso demais, indo além do que você precisa. Talvez, em um tempo menor, ainda dê para quitar as parcelas sem que seja necessário pagar os juros adicionais desse alongamento.

Outro ponto a observar é que a taxa de juros praticada não deve ser superior à cobrada pelo mercado, pois isso pode elevar consideravelmente o montante do financiamento, gerando maiores chances de descontrole financeiro no futuro.

Caso tenha outras dívidas no banco, tome cuidado caso deseje juntá-las em um único débito, pois, ao fazer isso, torna-se mais complicado calcular o real benefício do novo acordo. Como cada modalidade de crédito possui uma taxa de juros própria, avaliar isso de forma geral fica mais difícil.

Como já mencionado, algumas instituições podem empurrar outros serviços, aproveitando-se do momento de fragilidade econômica de quem está tentando fazer uma renegociação de dívidas. Isso é considerado venda casada, sendo proibido pelo Código de Defesa do Consumidor. Nessa situação, não se deve aceitar algo que traga ônus e prejuízos, especialmente de serviços que você não usará.

Busque ajuda profissional

É preciso ficar atento à maneira da cobrança da dívida, pois, se ela for feita em tom de ameaça, isso pode gerar indenizações. Além disso, existem entidades que ajudam pessoas com muitas pendências econômicas. Por exemplo, os Núcleos de Superendividamento do Procon.

Além deles, há a parceria da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) com as Defensorias Públicas de Estado de algumas regiões do país, como do Tocantins, do Rio de Janeiro e de Rondônia. Essas organizações fornecem suporte para acordos entre instituições credoras/financeiras e consumidores.

Contudo, elas atendem clientes que se enquadrem no perfil de superendividados, já estando inadimplentes. Para quem necessita de ajuda, mas não se encaixa nessa situação, pode ser preciso buscar um advogado, o que pode gerar despesas com esse serviço.

Esse profissional colabora no intermédio do acordo e, em caso de processo judicial, cuidará dos trâmites legais. Mas é recomendado que uma ação do tipo só seja levada adiante em último caso.

Também existem empresas que ajudam na renegociação de financiamentos, tendo mais expertise nesse mercado. Elas assessoram o endividado e apontam os melhores caminhos para se fechar acordos mais favoráveis com as financiadoras e bancos. Colaboram também na correção das taxas, nas análises contratuais e até mesmo assessoram em caso de apreensão do veículo por conta das dívidas, visando à recuperação do carro.

Acompanhe feirões e eventos de renegociação de dívidas

Antes de procurar um novo acordo com o banco ou financiadora, veja também se existem mutirões, feirões ou outros eventos para a renegociação de débitos sendo feitos. Igualmente, verifique se a instituição financeira com a qual financiou o veículo participa deles.

Isso é importante porque, nessas ocasiões, elas geralmente oferecem condições de renegociação de dívidas mais favoráveis do que em acordos individuais. Isso se dá porque essas entidades procuram receber pagamentos com base em um grande volume de acordos e não por conta de cada refinanciamento.

Todavia, vale o mesmo cuidado que se teria ao se negociar individualmente, para não fechar um acordo desfavorável por achar que, por conta do evento, se estará fazendo um negócio benéfico.  Vale mencionar que esses eventos dificilmente possuem um cronograma exato, de modo que é preciso ficar atento a informativos, site, redes sociais e outros canais de divulgação da financiadora.

Algumas instituições já possibilitam que o cliente renegocie a dívida por meio de telefone ou em algum canal online. Dessa forma, o processo se torna mais simples e ágil, bastando fazer uma proposta com o valor da entrada, o prazo de pagamento e outros detalhes.

Ainda assim, por seguirem comandos e parâmetros padronizados, essas soluções podem oferecer margens menores de descontos nas renegociações, não tendo tanta liberdade para ofertar condições mais benéficas.

Além disso, elas seguem perfis médios dos clientes, o que pode excluir casos particulares e condições especiais que não se enquadram na média. Por isso, é indicado buscar pessoalmente o gerente da instituição financeira para negociar algo que seja bom para o seu perfil.

Nesse caso, lembre-se de documentar o acordo por escrito, até mesmo com assinaturas de testemunhas — quando o fizer na agência. Se for uma negociação online, salve os comprovantes digitais. Se o processo for por telefone, guarde o registro ou protocolo do atendimento.

Também preze por um bom planejamento econômico que venha a melhorar sua vida financeira, diminuindo descontroles no orçamento, além de buscar entender seus direitos de consumidor para agir de forma adequada. Por fim, evite se endividar em um financiamento, separando, no máximo, 30% da sua renda para isso.

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